Você está me julgando!!!!!!!!!!!!

26/10/2012 09:52

 


Certa feita participei de uma discussão na internet muito interessante. Uma garota disse a todos que já havia cometido um aborto e logo em seguida diversas pessoas a elogiaram, inclusive dizendo que ela era muito corajosa. Ao observar tal atitude questionei onde porventura haveria coragem em não assumir a responsabilidade por um ato cometido e como podemos chamar de ato corajoso o privar o direito de vida a alguém que não tinha como se defender.

 

Imediatamente os que a elogiaram começaram a questionar quem era eu para julgar a moça. Muitos me chamaram de hipócrita e moralista (engraçado, o dicionário define que moralista é aquele que defende ou anuncia preceitos morais, isso deveria ser um elogio, mas hoje as pessoas usam como ofensa). 

 

 Será que de fato eu estava me colocando na posição de juiz? É verdade que a Bíblia nos orienta a não julgarmos os outros (Mt 7.1 e Lc 6.37), mas mas também lemos que devemos julgar pela reta justiça (Jo 7.24). Ora será que aí temos uma contradição? Acredito que a minha experiência (de ser “acusado“ de julgador) não é única, muitas vezes quando estamos compartilhando a mensagem do Evangelho com alguém e lhe dizemos que está incorrendo em um erro ao praticar determinado ato ou crer de certa forma esse alguém logo nos acuso da “julgador” e nos diz que a “nossa Bíblia” nos proíbe de tal prática. Será que nós realmente estamos desobedecendo a Bíblia? Será que não devemos falar a alguém que está incorrendo em um erro quando percebemos tal coisa? Será que dizer a um católico que ele está errado ao pedir para a estátua de Aparecida ao invés de dirigir suas preces ao Eterno DEUS é julgar? Porventura é julgar dizer a um espírita que o caminho que ele segue é um caminho que o conduz ao inferno?

 

Primeiro é importante entender os três textos básicos que tratam no Novo Testamento sobre julgar. O primeiro é Mateus 7.1 a 5 : 

 

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão."

 

O texto se aplica diretamente ao ato de julgar (no sentido de condenar, reprovar e expor publicamente) em alguém um erro que eu mesmo pratico e em maior escala (daí, o uso do termo hipócrita – falso, santidade simulada) e me apresentar com sendo sem erro. Ora, isso não significa que devo me calar quando vejo um erro. Significa que não devo me apresentar como alguém acima das falhas e com o direito de apontar erros em todos os demais, e, em especial, não devo condenar alguém que pratica o mesmo erro que eu como se eu não cometesse tal erro.

 

O outro texto é o de Lucas 6.37: 

 

“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.”

 

Bem, o contexto do texto se refere a benevolência para com o próximo, sobre o fundamento do amor na relação interpessoal e de que aquele que conhece a DEUS deve manifestar esse amor para com os demais. O texto não ensina, em momento nenhum, sobre o fato de aceitar o erro e não o expormos. Você deve manifestar o amor pelas pessoas mostrando que elas estão erradas, mas sem precisar desmerecê-las, acusá-las, ofendê-las ou condená-las. Há uma distância gigantesca entre expor um erro e submeter aquele que errou a vergonha pública. 

 

O último texto é o de João 7.24: 

 

“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”

 

Aqui lemos JESUS orientando pessoas a efetuarem um julgamento, mas lhes dá um parâmetro a ser aplicado. Nesse momento Ele próprio estava sendo julgado pelos fariseus. O que Ele havia feito? Havia curado um homem no sábado e O acusavam de quebrar a Lei de Moisés, contudo Ele lhes mostra que tal idéia estava errada e os orienta a quando efetuarem um julgamento de uma atitude ou comportamento guiarem-se por um padrão mais sábio e justo. Ele exorta os homens a analisarem todo o contexto de um ato para efetuarem um julgamento e vincula essa análise a reta justiça (apresentada na Palavra de DEUS).

 

O que podemos aprender desses três textos? É proibido julgar? De forma nenhuma. O ato de julgar faz parte indispensável do nosso cotidiano, a cada instante somos levados a julgar (seja uma atitude banal como a roupa a ser usada, até questões mais importantes sobre por qual caminho iremos trilhar em nossas vidas). Ao analisarmos a vida ao nosso redor a tudo julgamos e selecionamos o que nos convém e o que não devemos aceitar. JESUS não proíbe o julgar, mas o ser hipócrita (Mateus 7), o não ser misericordioso (Lucas 6) e o julgar com bases fora da Palavra de DEUS (João 7). Se nos abstermos (evitarmos) de pronunciar nossa voz reprovando atos, idéias, doutrinas, filosofias e comportamentos que são contrários a Palavra de DEUS somos coniventes (cúmplices) de tais erros e pecamos por inação (“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”- Tiago 5:14) 

 

O aborto (em qualquer situação) é um erro que deve ser rejeitado pela Igreja, assim como o homossexualismo, a prostituição, a corrupção, a mentira, o engano, etc. Tais erros não somente devem ser repudiados pelos cristãos, mas também expostos, contudo, isso não significa que devemos repudiar aqueles que o praticam, devemos amá-los e por amá-los é que nos vemos orientados, pela Palavra de DEUS, a expor tais erros.

 

Efetuemos um julgamento da vida que nos cerca e da vida que vivemos, julgamento este embasado na justiça de DEUS (cujo os parâmetros nos são dados nas Escrituras Sagradas) e repleto de honestidade, amor e misericórdia.Graça, paz e sabedoria!