O legalismo e a vida
"Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava." (Atos 13.45)
Um dos maiores problemas enfrentados pelo apóstolo Paulo no seu ministério foram alguns judeus que por diversas vezes iam até onde ele havia ensinado sobre a Graça de CRISTO e induziam os recém conversos a apegaram-se ao legalismo. Ora, a compreensão da Graça nos leva a entender que a ação humana de estrita e cega obediência a regras e rituais é tão somente tola religiosidade, isso fica claro neste texto, por exemplo:
"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne." (Colossensses 2.20-23)
Não é errado fazer a coisa certa, mas é errado supor que por fazer a coisa certa isso te aproximará de DEUS. Num período em que os movimentos neo-pentecostais tem surgido e ensinado sobre rituais bizarros e atos pseudo-proféticos vemos que mesmo os demais membros de grupos evangélicos estão cada vez mais apegados a uma religião de aparência e de votos e propósitos, que até são, em parte, válidos, mas o simples se aferrar a eles evidencia que pouco ou nada se entendeu do que de verdade é a Graça.
Fique claro que não me excluo do grupo cristão. Sim sou cristão, congrego em uma igreja local batista e faço parte do que se convenciou denominar grupo evangélico e, dessa forma, eu também incorro no que aqui questiono. Aqui não é uma exposição de erros dos demais, mas uma percepção de onde, junto com meus irmãos em CRISTO, temos errado como Igreja Contemporânea.
Estamos tão preocupados em discutir se ingerimos ou não bebida alcoólica, se ouvimos "música secular", que não fazemos isto ou aquilo ou que fazemos o que definiu-se como "modo evangélico de ser" que parece que nos tornamos aquilo que jamais deveríamos ser. O que seria? A igreja evangélica moderna hoje muitas vezes mais se parece com uma versão ligth do romanismo-papista do que com o Cristianismo como mostrado nas páginas do Novo Testamento.
Como assim?
A estrutura denominacional parece que se tornou mais importante que a vida de CRISTO nos cristãos; excluímos o jovem casal que engravidou antes do matrimônio, mas deixamos sem sequer uma reprimenda aquele que faz fofocas e maledicencias; estamos prontos a obrigar a esposa infeliz no matrimônio a seguir casada porque ela "assumiu um compromisso no altar"; recolocamos um altar nos templos mesmo sabenbo que não há mais sacrifícios válidos a serem feitos; achamos que porque alguém é pastor ele se torna sacerdote e o que "ele abençoa é vontade do Senhor" e esquecemos que somos todos sacerdotes em CRISTO.
Não digo que nossa teologia mudou. Não. Ela ainda não mudou. Mas ao olhar de fora para a igreja evangélica o que vemos em muitos lugares não é mais o amor de JESUS, mas a imposição de dogmas, ritos e atos.
Não estou defendendo uma liberalidade de costumes, mas questionando que talvez nós estejamos tão focados na aparência que temos esquecido a essência. Tão centrados em parecer corretos que esquecemos que somos falhos e miseráveis pecadores e que somente pela Graça de CRISTO é que somos salvos.
Quando eu olho mais para a aparência, me preocupo mais com o ritual, mais com externo eu na verdade falho como cristão e falho para com o meu Senhor JESUS.
Penso que minha oração deve ser para que eu comece a deixar de me preocupar com rituais e comportamentos e me preocupe mais com o amor cristão real. O legalismo se mascara até de piadas e de críticas veladas. Não me interessa de fato se alguém engravidou antes do casamento ou se o seu casamento fracassou, me interessa se essa pessoa está buscando reconstruir sua vida na Graça de CRISTO e me interessa ser usado por DEUS nesse processo.
SENHOR me ajuda nesse propósito! Edificar e não derrubar!
Um fraterno amplexo!
